quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

2 meses de mãe

E a mãe como está no meio disto tudo? Bem, obrigada. Muito babada e cada vez mais apaixonada pela minha filha. Tenho passado os dias em casa. Está a ficar frio, naturalmente e os centros comerciais fazem-me cada vez mais confusão por causa desta coisa toda com a gripe A, especialmente, mas na realidade com todo o tipo de doenças. Eu sei que mais dia menos dia ela vai tem um resfriadozito ou uma febre mas prefiro que seja "mais dia" do que "menos dia". Todos os cuidados são poucos e tenho de zelar por ela. Ficando por casa a criatividade tem de ser alguma. Virei-me novamente para o tricot, para além de me acalmar sempre vou fazendo umas peças de roupa e acessórios para mim. Vou vendo séries americanas no pc, filmes antigos, blogs de moda, escrevo aqui. A casa também dá trabalho e entre mamadas e fraldas trocadas há sempre limpezas a fazer, refeições a preparar ou roupa para cuidar.

No primeiro mês fui à ginástica pós parto no entanto já conclui que é dinheiro mal empregue. O trabalho que dá sair de casa para ir a uma hora (ou menos, dependendo de ela fazer birra ou não) de aula, não compensa o valor mensal que lá deixo. Sair de casa com antecedência para lhe dar mama, estacionar, andar imenso com o carrinho na bela da calçada portuguesa em eternas obras, chegar ao centro, dar mama, preparar-me, uma hora de aula e a mesma fita no regresso a casa para lhe dar mama em casa e eu acabar a almoçar às 14/15h... Vou ser mais obstinada e organizadinha e começar a fazer bicicleta e musculação em casa. No centro também não fazia grande coisa, por isso...

De início foi complicado, passar de uma vida profissional activa, estar fora de casa o dia todo, ter a minha liberdade e independência para... isto. Quando estamos grávidas só nos falam na "preparação para o parto" como se o parto fosse o unico objectivo de vida e apartir desse momento nada mais interesse nem precisa de preparação. Falam vagamente em "depressão pós-parto" e, se procurarmos mesmo muito bem, algumas coisas de "como recuperar a forma fisica no pós parto". Mesmo a questão da recuperação da forma fisica ainda é um mito. Lemos em todo o lado que hoje em dia as mulheres de preocupam muito com a imagem e que TEMOS de nos esforçar por recuperar o corpo que tinhamos antes do parto no entanto esquecem-se de no explicar um pequeno detalhe: como... A amamentação resolve! O tanas. Não resolve coisa nenhuma. Ajuda. Mas não é o milagre estético por excelência. Passados 2 meses ainda tenho barriguinha e a cintura ainda não está definida. Passei 9 meses a engordar, vou precisar de pelo menos 9 para melhorar, não estou triste nem deprimida mas há dias em que apetece bater com a cabeça na parede. Especialmente porque com as "maravilhas da amamentação" se "esquecem" de mencionar que ficamos com o peito do tamanho de um bulldozer que não cabe em camisola nenhuma! Camisas? São para esquecer. Os botões não apertam ou ficam a repuxar. Dedico-me com amor às camisolas elásticas com blazer por cima para ocultar o look Pamela Anderson com o qual não me identifico. Está provado que nunca vou colocar silicone no peito.

As 3 semanas a seguir ao parto são de doidos. Não sei como será com dois filhos mas com o primeiro filho são semanas para esquecer. Por muito preparadas que estejamos para não dormir, só não dormindo é que sabemos o que a casa gasta. E não é o "não dormir", é o acordar a cada 2h para trocar fralda e dar de mamar. Admito que até à quarta semana eu dormia com a bebé na minha cama. Porquê? Adormecia com ela na mama e quando acordava estava ela a dormir para um lado e eu para o outro com a mama de fora... puxava o edredon e enroscava-me a ela. Fim de conversa. O cansaço era tanto que cheguei a dar de mamar sem me lembrar. O H punha-me a bebé na mama, ela mamava, ele tirava-a e eu a dormir ou num estado de dormência tal que não me recordava de nada. Associado à falta ou irregularidade do sono, o pós parto... os pontos no períneo que são do catano para cicatrizar. Associado a isto tudo as hemorróidas, que conseguiram superar os pontos no períneo (cicatrizados em 2 semanas) e permaneceram por mais um mês. As dores e o desconforto fisico, não poder usar cuecas a não ser tipo boxer ou "cuecão", as calças de ganga usá-las por periodos muito curtos porque apertam "naquela zona"... nestas alturas é usar e abusar das saias que são muito mais confortáveis e definitivamente mais fashion para sair à rua. Em casa, sempre de pijama ou fato de treino (até porque temos de estar sempre preparadas para dar de mamar e para a eventualidade do bolsar... em cima de nós...).

Chorar, chorei. Muito. Bastante. Ao fim de 4 semanas só não chorei uns 3 ou 4 dias. Balanço positivo, portanto. Chorei porque não me senti capaz de cumprir o papel, chorei porque não conseguia vestir nada de jeito, chorei porque tinha dores, porque tinha sono, porque estava cansada, porque não aguentava mais, porque passava o dia em casa, porque queria sair e não conseguia, não tinha coragem ou achava que não dava conta do recado com bebé, ovo, carrinho e sacola, chorei porque me sentia sozinha, porque tinha perdido a minha identidade, porque já não sabia muito bem quem era e a quantas andava... chorei por tudo e mais alguma coisa...

Mas estas coisas não são ditas nem partilhadas e ninguém me "alertou" para isto. Falaram-me vagamente na depressão pós parto mas a única coisa que me disseram foi que se tivesse determinados sintomas devia ir ao médico para ser medicada logo, parar de amamentar porque os medicamentos para a depressão passam para o leite. Não me explicaram como combater a depressão. Fui eu que tive de me encontrar a mim mesma, falar comigo mesma e dar a volta por cima. Obriguei-me a sair de casa, a reagira, fui dar voltas no bairro com a bebé no sling (optimo porque quando ela estava com a telha também adormecia), uma hora a caminhar ao ar livre fazem maravilhas pela nossa cabeça! "Um dia depois do outro" e "nada dura para sempre" era o que me repetia constantemente. Por mais que pedisse ao H para tirar um ou dois dias de férias para ficar comigo e me ajudar, para eu descansar um pouco, ele não o fez e tive de contar apenas comigo para tratar de tudo. Ainda hoje lhe peço para tirar um dia de férias e ele continua sem o fazer por isso... já passaram 2 meses e destes 2 meses apenas tirou os 10 dias de lei para ficar connosco em casa.

Pequenos detalhes que se esquecem de nos dizer na "preparação para o parto" que é isso mesmo: "para o parto". Tudo o resto que vem depois, que a meu ver é muito mais importante para nós como mães e como mulheres, é negligenciado, o importante passa a ser o bebé (não digo que não) mas esquecem-se que para que o bebé esteja bem, seja feliz e tenha saúde, a mãe tem de saber e conseguir estar a 100%. Vá... 80% já não é mau.

A minha mãe não se lembrou de nada do meu parto e do do meu irmão, do pós parto nem de coisa nenhuma. Se a minha própria mãe não me conseguiu alertar para nada destas coisas, eu não quero correr este risco com a minha filha. Deixo aqui registadas todas as dificuldades que passei e senti para que ela saiba com o que contar quando decidir ter filhos. A maternidade é maravilhosa! Adoro ser mãe e amo a minha filha mais do que tudo no mundo! Não voltava atrás por nada! Mas preferia saber o que esperar para saber como reagir. Se eu soubesse que chorar todos os dias era normal, não me iria sentir tão desesperada de cada vez que sentia uma lágrima escorrer pelo rosto, com receio de que o leite me secasse e deixasse de poder amamentar a minha filha. É normal, é tudo normal, é o nosso corpo, a nossa mente, somos nós que nos estamos a adaptar! É tudo normal! Só não é normal que nunca ninguém nos diga que isto é normal...

1 comentário:

  1. Assino por baixo...
    Como já te tinha dito, também passei por todas essas fases e não estava preparada.
    Mas vejo que as coisas já estão melhores para ti e para a bebecas. Fico contente!!

    Beijocas

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